Pelo menos 650 casos de assédio foram registrados
Servidores públicos denunciam perseguição após fazerem críticas ao presidente Bolsonaro nas redes sociais. Pelo menos 650 casos de assédio foram registrados pela Articulação Nacional das Carreiras Públicas para o Desenvolvimento Sustentável (Arca) nos últimos dois anos.
Casos incluem professores universitários e militares. Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-tenente Martel Del Colle, de 30 anos, declara que sofreu assédio após manifestar seu descontentamento com a candidatura de Bolsonaro, ainda nas eleições de 2018.
"Um texto que escrevi viralizou na internet. Nele, explicava por que eu, um PM, era contra a eleição de Bolsonaro. Fiz críticas à adesão de membros da tropa ao bolsonarismo e, no dia seguinte, fui chamado a dar explicações à Corregedoria. Pouco mais de um ano depois, fui aposentado de maneira estranha", declarou o militar.
No ano passado, a Controladoria Geral da União (CGU) emitiu uma nota com instruções de conduta para servidores que se manifestassem nas redes sociais. A alegação é de que os trabalhadores devem lealdade ao regime jurídico e são proibidos de manifestar apoio ou desaprovação tanto aos superiores quanto ao presidente. A medida foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Partido Socialista Brasileiro e aguarda análise. Para pesquisadores da área, se trata de perseguição à democracia.