Com as crianças em casa na pandemia, as mães solo tentam ajustar a rotina profissional com a doméstica. Baianas relatam dificuldades na adaptação.
Em março, as aulas presenciais das escolas públicas e privadas do estado foram suspensas. Durante quase três meses, as mães baianas fazem o possível para conciliar os serviços domésticos, a carreira profissional, sem deixar de dar atenção aos pequenos, que estão em casa em tempo integral e cheios de energia.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015 as mães solo representavam 14,9% das famílias baianas, somando 793 mil famílias. Este é o caso da baiana de acarajé Elaine Michele Assis Cruz, 38 anos, mãe da pequena Odara Vitória.
Na produção e comercialização dos quitutes, a baiana se mantém ocupada por mais nove horas, mas ela divide o tempo entre o trabalho e a pequena Odara, que está fora da escola devido ao isolamento social. "Tem sido desafiador, principalmente por que estou sem babá. Odara tem muita energia, já acorda no pique total", contou Elaine, que busca fazer atividades com a filha e tem que levá-la durante as ações profissionais. Ela revela que fica triste e com medo da exposição.
A profissional revela que a angústia relatada pelas mães é inevitável no contexto da pandemia, pois as pessoas pensam no risco de contaminarem seus entes queridos, mas é necessário encontrar formas de lidar com ela. "A gente tem o hábito de sentir e minimizar, achar que todo mundo está passando pela mesma coisa, mas é preciso falar sobre isso. Buscar a rede de apoio ou a ajuda de um profissional para nos ajudar a passar por isso da forma mais doce possível, por que o amargor é inevitável", contou.
Maternidade solo
Seja por escolha ou pelas circunstâncias, as mulheres que decidem ser mães solo têm coragem para enfrentar as dificuldades da rotina, agora ampliadas pela pandemia.
Amanda engravidou de Ricardo durante um relacionamento abusivo. Mesmo contra a vontade do companheiro, decidiu ser mãe e encontrou no filho, na época com apenas oito meses, a força para sair da relação. "Esperei meu primeiro salário e mudei no dia seguinte, sem carreto nem nada", contou a cantora.
A gravidez de Odara não foi planejada, mas Elaine não se arrepende de sua escolha. Hoje ela vivencia a experiência de forma completa. "Tem sido um desafio. O horário da aula online é exatamente no horário do meu trabalho. Com isso tenho que adaptar minha rotina de trabalho com os estudos dela para acompanhar as aulas. Fazemos brincadeiras, revisão dos assuntos, vemos vídeos. Tudo pra manter o foco nos estudos", detalhou.