Geral Saúde

DHL está otimista com o transporte de 10 bilhões de vacinas e com o Brasil

Uma questão que preocupa bastante é a logística de certas vacinas, especialmente daquelas que exigem o transporte em temperaturas extremamente frias.

Por G7 Bahia

29/12/2020 às 06:51:32 - Atualizado há
Pesquisa com vacina: desafio logístico também é gigantesco Foto: Andreas Gebert/Reuters (12.mar.2020)

A tão esperada vacina contra a Covid-19 já se tornou uma realidade em mais de 30 países. O Brasil ainda patina nessa situação, seja por brigas políticas, seja por falta de negociações com laboratórios que já têm os medicamentos aprovados.

Mas outra questão que preocupa bastante é a logística de certas vacinas, especialmente daquelas que exigem o transporte em temperaturas extremamente frias. A da Pfizer/BioNTech, que já está sendo utilizada em diversos países, é armazenada em ambientes abaixo de 70 ºC negativos. No caso da Moderna, outra vacina que precisa estar em local refrigerada, o transporte precisa ser feito a menos 20º C.

Na visão de Tim Robertson, CEO das Américas da DHL Global Fowarding, uma das maiores transportadoras do mundo, os brasileiros podem ficar tranquilos que a vacina vai chegar a todas as regiões.

"Nós estamos preparados para esse transporte, já que somos líderes na área farmacêutica e de saúde. Temos soluções para todos os mercados – e essa é uma mensagem de otimismo e de confiança", diz Robertson em entrevista ao CNN Business.

O desafio da DHL, no entanto, é gigantesco. No total, o mundo precisará de cerca de 10 bilhões de vacinas de possíveis 250 destinos diferentes e, como dito, boa parte delas precisará de um tipo de transporte único em comparação ao que a logística convencional está acostumada.

A própria empresa coloca a missão como um dos maiores desafios logísticos já vistos no mundo — mesmo essa entrega não sendo realizada toda de uma vez.

Nas contas da empresa, serão necessárias 15 milhões de caixas específicas para as vacinas e cerca de 15 mil voos ao redor do mundo para dar conta da imunização do planeta inteiro.

Para isso, a companhia investiu fortemente em sua malha aérea para fazer a entrega.

Além disso, toda a estrutura de transporte propriamente dita também mudou. A companhia já está utilizando embalagens especificamente projetadas para este fim. Elas são revestidas de gelo seco substituível em vez de uma refrigeração comum.

Tim Robertson, CEO das Américas DHL Global Fowarding
Tim Robertson, CEO das Américas DHL Global Fowarding
Foto: DHL Divulgação

Isso acontece porque ter uma máquina de refrigeração dentro de um avião é extremamente complicado. O peso da máquina pode diminuir (e muito) a capacidade de transporte de um avião.

Fora isso, tem a questão da energia. Pense quanto uma máquina de freezer consome de energia em uma casa. Agora, pense nisso em um avião com milhares de vacinas.

Porém, ainda existem outros problemas. Conforme vai secando, o gelo seco vai se transformando em gás, o que pode ser perigoso para as pessoas que estão dentro do avião. Logo, há um limite da quantidade de gelo seco que se pode ter dentro de uma aeronave. Tudo precisa ser detalhadamente estudado.

Última milha

Porém, o grande problema, na visão de Robertson, é a última milha. Especialmente nos países emergentes – e o Brasil é um deles. O que acontece é que as vacinas começam a ter uma vida útil diferente ao ser expostas a temperaturas distintas. Ou seja, no momento em que ela sai do avião, um choque de calor pode impactar diretamente na eficácia desses imunizantes.

No mundo inteiro, a companhia está construindo galpões específicos para armazenar essas vacinas. No Brasil, contudo, ainda não há esse plano.

Mas alguns países estão bem avançados. No início de dezembro, por exemplo, a empresa ganhou um contrato com o estado de Baixa Saxônia (que tem cidades importantes como Hannover, Wolfsburg e Bremen) para armazenar 2,2 milhões de vacinas.

Brasil

Os problemas logísticos no Brasil são conhecidos. A malha ferroviária é pequena em comparação a diversos países (mesmo os emergentes), e parte das rodovias não está em boa situação. Os aeroportos das maiores capitais, por sua vez, estão em melhores condições por causa das reformas e privatizações recentes. Porém, o mesmo não pode ser dito dos aeroportos regionais.

"Nós estamos nos preparando há meses para isso. O tempo para fazer o transporte é crítico, assim como o "timing"", diz Robertson. "Posso deixar uma mensagem de otimismo a todos os brasileiros de que as vacinas irão chegar."

O Brasil também está produzindo parte das vacinas, como é o caso da parceria entre o Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac. A companhia também se mostra otimista com a exportação das vacinas por aqui.

Segundo o executivo, a área de transporte de cargas da DHL no Brasil tem "se mostrado fundamental para garantir a continuidade da cadeia de suprimentos de importação para os clientes do Brasil".

"Além disso, nossa rápida adaptação desde o início do período de quarentena demonstrou a capacidade de implantar contingências e flexibilidade para fornecer excelente nível de serviço, mesmo sob as limitações impostas pela pandemia", diz Robertson.

Resultados

A DHL tem tido bons resultados, apesar da pandemia. A empresa enxerga a Covid-19 como um risco médio para os seus negócios, mas os números do terceiro trimestre foram bem positivos.

A receita foi de € 16,2 bilhões, alta de 4,5% em comparação ao mesmo período no ano passado. O seu lucro aumentou ainda mais: crescimento de 51%, para € 908 milhões.

Não à toa, as ações da empresa subiram quase 20% no ano.

Se liderar o transporte das vacinas, esses números devem crescer ainda mais.

Fonte: CNN Brasil
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