Os líderes da bancada evangélica no Congresso deram um prazo de 24 para que Milton Ribeiro, ministro da Educação, explique os áudios vazados em que ele afirma ter favorecido a liberação de verbas para prefeitos a pedido de pastores ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Parte das lideranças, indignadas por nem sequer conhecerem os pastores em questão, já pedem a troca do comando do MEC (Ministério da Educação), mas dizem que antes vão ouvir a justificativa de Ribeiro.
Sóstenes Cacalvante (PL-RJ), presidente da bancada e aliado de Bolsonaro, entrou em contato diretamente com o ministro. Alguns de seus colegas pedem que ele convoque uma entrevista coletiva para esclarecer os fatos.
Já o vice-presidente Luis Miranda (Republicanos-DF), que já não é mais apoiador do presidente, concorda. "Se os fatos forem comprovados, é caso, sim, de exoneração do ministro", disse. "Conversei com vários integrantes da bancada evangélica, e mesmo os que apoiam o governo não têm o 'privilégio' de ver seus pleitos atendidos desta forma. Um ministro não pode defender interesses privados, mas sim de toda a sociedade."
Entenda o caso
O ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em uma gravação que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados por dois pastores que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do Ministério da Educação (MEC), atendendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o começo de 2021, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura promoveram encontros de prefeitos no MEC que levaram a pagamentos e empenhos (reserva de valores) de R$ 9,7 milhões, em apenas dias ou semanas depois de promoverem as agendas.
Na reunião gravada, o ministro falava sobre o orçamento da pasta e os valores que são geridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
"A minha prioridade é atender primeiros os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do Pastor Gilmar. Não tem nada com o Arilton, e tudo com o Gilmar. Por que ele? Porque foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", afirma Ribeiro no áudio.
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