Economia Beleza

Pandemia promove baixa na venda de maquiagens; redução faz empresas migrarem produções

Revendedoras revelam que a obrigatoriedade do uso de máscaras é um dos motivos pela queda da venda de itens de beleza como batons, bases e pós compactos.

Por Kelly Cerqueira

11/07/2020 às 11:22:03 - Atualizado há
Foto: Kelly Cerqueira
Seja pelo resguardo dos consumidores na hora de gastar ou pela falta de uso de produtos de beleza, o fato é que representantes e revendedoras de maquiagens e itens de beleza em geral estão sentindo a brusca queda nas vendas durante o período de pandemia.

Grandes marcas do ramo como Avon e Natura, populares no nordeste e, em especial, na Bahia, confirmam a redução nos pedidos realizados, embora não apresentem dados detalhados sobre os negócios no estado. Representantes de marcas como Eudora e O Boticário confirmam a tendência.

"Deixamos, temporariamente, de fabricar linhas como maquiagem e perfumaria – os estoques disponíveis conseguiram honrar os pedidos feitos por nossas revendedoras", contou Danielle Bibas, vice-presidente de Marketing da Avon Brasil.
Disse também que a mudança na rotina se deu no início da pandemia, com o objetivo de proteger os colaboradores. Segundo ela, a empresa que tem como carro-chefe a fabricação de produtos de beleza, priorizou a produção de itens essenciais e de higiene pessoal, além de álcool em gel e líquido, itens que tiveram crescimento na procura. "Também houve aumento na demanda por nossos produtos do catálogo de Moda & Casa", continuou.

As informações da Avon confirmam o sentimento de Dinalva Pereira dos Santos Conceição, 56, revendedora da marca. Ela, que tinha clientela fixa no município de Cruz das Almas, se queixa do congelamento das vendas dos produtos que antes da pandemia eram os mais procurados. O batom é um deles.

"Não vendi nada na área de maquiagem nesse período, só hidratante, desodorante e produtos para cabelo", afirmou.


Apesar da redução das vendas no setor, a Natura - que, no Brasil, conta com 1.2 milhão de pessoas vinculadas ao grupo direta e indiretamente -, optou por apoiar as consultoras para que continuassem a obter renda. Para isso, a empresa diz que tem empregado recursos digitais.

"A jornada de digitalização do modelo de negócios da Natura também se mostrou determinante para garantir as atividades de milhares de consultoras de beleza. A rede tem utilizado alternativas para oferecer seus produtos e serviços a consumidores de maneira segura e efetiva. Atualmente, mais de 70% das consultoras de beleza, distribuídas por todo o território nacional, estão engajadas na plataforma digital da Natura", explicou Cida Franco, diretora de vendas da marca.
Empresa também observou queda nos itens de beleza
Foto: Divulgação

Ela diz que houve uma migração para itens essenciais de cuidados pessoais, como sabonetes (em barra e líquido) e álcool gel. "Paulatinamente, começamos a perceber uma volta do consumo em outras categorias, como fragrâncias. Maquiagem, entretanto, ainda é a mais afetada, mas houve aumento na procura por itens para os olhos",acrescentou.

E é justamente utilizando a tecnologia que a revendedora Vanda do Santos, 64, continua atendendo os clientes, em Salvador. Acostumada a fazer um roteiro diário para a demonstração da revista com a demonstração dos produtos aos clientes, ela agora utiliza o Status do WhatsApp para exibir as promoções e novidades à sua rede de contatos.

" Faço parte do grupo de risco e por conta disso evito sair ao máximo. A medida que vou recebendo as promoções no formato digital vou oferecendo à minha clientela, por telefone mesmo, Whatsapp. A gente vai se virando como pode e usa a lábia de vendedora, porque tem sido um momento difícil de convencer as pessoas a comprarem produtos que elas usam para sair, num momento em que estão só ficando em casa", ponderou.

Para ajudar neste momento delicado da economia informal, a Natura disse flexibilizar o crédito, postergar prazos de pagamento e preparar um fundo emergencial para atender as colaboradoras que ficarem doentes ou em situação de vulnerabilidade social.

As dificuldades de Dinalva e Vanda são as mesmas de Dulcinéia Silva Cerqueira, 55, revendedora de O Boticário. Segundo ela, o desemprego e a falta de renda gerada por ele tem influenciado diretamente na queda do comércio. "Minhas vendas de maquiagem na pandemia se resumiram a dois batons, nestes quatro meses. Nem protetor solar, nem nada que passa no rosto tem saída, porque suja máscara", lamentou.

O G7Bahia procurou o Grupo O Boticário, que além da marca que leva o mesmo nome, também é responsável pela Eudora, Quem disse, Berenice?!, Beauty Box, Vult, Beleza na Web, mas até o fechamento da matéria não houve respostas sobre os números do setor e as iniciativas para enfrentar a crise gerada pela pandemia.
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