Saúde Coronavírus

Isabela Magno: Ninguém escolhe se contaminar pelo Coronavirus

Especialista do G7 Bahia levanta questões como medo, ansiedade e culpa em época de pandemia.

Por G7 Bahia

10/07/2020 às 09:01:11 - Atualizado há

Lutar contra um vírus invisível é exaustivo porque você nunca sabe se teve contato com ele ou não. O medo e a ansiedade se tornam companheiros constantes nos últimos meses e com isso um sofrimento psíquico associado.

Diariamente os informativos nacionais, estaduais e municipais mostram o crescimento exponencial do número de casos. E as notícias sobre algum conhecido que contraiu a doença, uma amigo, um vizinho começam a chegar e com elas, mesmo inconscientemente, uma carga de julgamento e preconceito sobre como a pessoa foi infectada.

Até que um dia pode ser um de nós a sentir algum sintoma respiratório ou gástrico. O que seria muito normal no mesmo período do ano passado, por conta das mudanças de temperatura desta época do ano, na conjuntura atual pode significar um perigo a mais por serem sintomas que levantam a bandeira vermelha de alerta para a COVID-19.

Mesmo para quem nunca apresentou um quadro de ansiedade ou qualquer outro sofrimento mental, quando se precisa fazer o teste para saber se o desconforto pode ser ou não o COVID-19, a tendência é que se tenha um desencadeamento destes quadros ao saber da necessidade de esperar alguns dias do início dos sintomas para que o resultado do teste seja confiável.

Tanto para a realização do teste Swab (conhecido como teste do cotonete, cuja confirmação da presença do vírus é obtida através de uma amostra retirada nasofaringe preferencialmente entre 3 a 10 dias do início dos sintomas. Fonte:OMS), quanto para o de sangue (exame de sangue que verifica a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus e deve ser feito após 10 dias do início dos sintomas que o teste tenha maior sensibilidade. Fonte:OMS), é preciso esperar.

Este tempo pode ser um gatilho para a liberação de uma infinidade de sentimentos.

Medo é uma palavra que define bem este período para muitas pessoas, afinal, além do medo de estar contaminado e ter alguma complicação médica, há também o medo de ter contaminado as pessoas que mais amamos e que tivemos contato quando ainda estávamos assintomáticos.

E após o resultado positivo, muitas vezes o isolamento físico, tão necessário, vem acompanhado do isolamento social e do preconceito. "Como foi que pegou?", "não dizia que tomava tanto cuidado", "foi fulano que levou a doença pra casa", dentre tantas outras frases que acabam deixando para o doente a culpa. Ao se tornar vítima da pandemia, muitas vezes, o paciente é visto como o algoz, através do julgamento dos outros.

Tenho acompanhado muito sofrimento psicológico associado ao adoecimento pelo COVID-19. Muitas vezes a pessoa que foi contaminada consegue passar por todo o período de isolamento sem apresentar nenhum sintoma físico, porém em muitos casos apresenta um sofrimento mental associado ao caso.

Este texto é um pedido por mais empatia e respeito pelo sofrimento do outro. Exercer esta capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro e sentir o que outra pessoa passa, imaginando se você estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Neste momento, as pessoas precisam de uma palavra de conforto e não de mais sofrimento.

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