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Body shaming: Conheça as histórias de baianas vítimas de ataques que conseguiram superar o preconceito

De acordo com uma pesquisa feita pela ONG Plan International, 54% mulheres de 23 países já sofreram de ataques na internet por conta da aparência física.

Por Poliana Lima

16/11/2020 às 08:55:04 - Atualizado há
Foto: Poliana Lima

Piadas de mau gosto, comentários ofensivos e outros tipos de agressões virtuais às mulheres têm se tornado cada vez mais frequentes nas redes sociais, o que poucos sabem é que esse tipo comportamento é considerado como crime e se chama "body shaming", um ato de ridicularizar ou zombar da aparência física de uma pessoa. Uma pesquisa realizada pela ONG Plan International, que atua há 80 anos em defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens revela que 54% das meninas e mulheres de 15 a 24 anos, de 22 países, incluindo o Brasil, já sofreram ataques na internet relacionados ao corpo.

No começo não foi fácil para a produtora de conteúdo Vivian Viera, tudo que acontecia com ela afeta seu psicológico. "Quando eu tinha autoestima baixa, os comentários sobre o meu corpo mexiam muito com minha saúde mental. Fiz várias dietas restritivas, tomei remédios para emagrecer, buscando me encaixar em um padrão de beleza", contou.

Ela ainda recebe muitos comentários gordofóbicos. "Sempre denuncio e bloqueio o perfil dessas pessoas", lembrou.

Crédito: Divulgação / Vivian Vieira

Atualmente, Vivian conseguiu superar e decidiu produzir conteúdo na internet voltado para as mulheres. Para ela, a representatividade é muito importante. Os conteúdo são feitos através de vídeos, posts e stories falando sobre autoestima, empoderamento e moda Plus Size.

"Hoje os comentários gordofóbicos que recebo não me afetam mais, porque entendi que não importa o que as pessoas vão falar sobre meu corpo e sim se estou feliz e gostando do meu corpo. Comecei a produzir conteúdo para mulheres gordas há quatro anos porque eu queria me comunicar e ajudar de alguma forma mulheres gordas como eu a entenderem que elas não precisam se esconder atrás de roupas pretas e folgadas", afirmou Vivian.

Reprodução/Instagram

Destaca ainda a importância das mulheres buscarem os seus direitos quando forem atacadas. "Hoje quando recebo esse tipo de comentário denuncio o perfil e bloqueio a pessoa. É muito importante a gente buscar nossos direitos quando sofremos esses ataques nas redes sociais e não deixar isso afetar nossa saúde mental, porque somos lindas do jeito que somos", concluiu.

O body shaming é reconhecido como crime de ciberstalking ou perseguição online e na legislação brasileira enquadra-se em ameaça, injúria, calúnia, difamação e na contravenção penal de perturbação da tranquilidade. O agressor pode ter penalidades de 15 dias há 6 meses prisão com multa.

E não são apenas as pessoas acima do peso que passam por esse tipo de situação. A personal Eliomara Reis de Oliveira, de 25, já foi vítima de diversos comentários ofensivos.

"Parece um travesti, não sei para que treina tanto, treina para ficar parecendo homem! Esses são algumas das coisas que tenho que ler, eles tentam acabar com minha imagem, mas não me deixo levar pela opinião dos outros. Para mim, não existe um padrão de beleza, o que pode ser bonitos para uns não pode ser para outros" desabafou a personal.

Foto: Arquivo Pessoal

Ela ressaltou a importância de não se deixar levar por esse tipo de ofensa.

"Cada uma de nós tem uma beleza diferente, esses comentários tentam derrubar nossa autoestima, por isso devemos nos deixar levar pelo o que dizem" concluiu.

O psicólogo Eduardo Serra chamou atenção para as consequências que uma vítima de body shaming pode ter. "A influências psicológicas e psicossociais vão do isolamento social a diminuição da autoestima, o que pode levar a uma depressão. Minha indicação é que seja feito um trabalho de aceitação corporal", explicou.

Body positive

Para ajudar as mulheres a darem a volta por cima e mostrar que cada uma tem sua beleza, um movimento feminista com o objetivo de convencer as pessoas a se aceitarem como são foi lançado, o " Body Positive", com o lema "meu corpo, minhas regras".

O termo "body positive", união das palavras "corpo" e "positivo" lança um olhar de aceitação positivo ao corpo. Quem respondeu as críticas dessa maneira foi a estudante de biotecnologia Hanna Pinho, 25.

Foto: Arquivo Pessoal

"Na internet não, mas quando eu tinha 15 anos, recebia muitas críticas de colegas por ser magra. Mas nunca deixei de postar foto por isso, hoje me sinto bem com meu corpo. Aprendi a me amar, isso é libertador", enfatizou.

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