Geral Amanda Lucena

Família de jovem com leucemia faz campanha para doação de medula

Amanda descobriu a doença aos 20 anos e, desde então, luta pela vida. Veja como ser um doador.

Por Rafael de Jesus

10/11/2020 às 08:00:00 - Atualizado há
Foto: Arquivo pessoal

O que era para ser um retorno tranquilo de viagem cheio de boas recordações virou o início de uma grande luta para Amanda Lucena, que aos 20 anos descobriu um tipo raro de câncer, a leucemia linfóide aguda. A jovem que mora em Salvador, recentemente havia conseguido um emprego como auxiliar de rotinas administrativas e cursava o terceiro período de Direito, precisou abandonar tudo para cuidar de um bem primordial: a vida.

O tipo de câncer descoberto após admissão no Hospital Roberto Santos é característico pela produção de células imaturas do sangue, na médula óssea. Febre alta, manchas roxas nas pernas e lábios foram alguns dos sinais dados pelo corpo, de que as coisas não estavam funcionando bem.

"Sentia fadiga, dor lombar e sudorese noturna, mas como tinha uma rotina corrida de trabalho e faculdade não dei muita atenção porque achava que era cansaço do dia-a-dia mesmo", lembra. Ela recebeu o diagnóstico em três de março e foi encaminhada para o Hospital das Clínicas, onde faz o tratamento.

Amanda em sua viagem antes de descobrir a doença. Foto: Arquivo pessoal

A doença

"A leucemia linfóide aguda é uma doença clonal do sistema linfático, das células que protegem o corpo contra a maioria dos vírus, de situações autoimune. É um câncer dos linfócitos, uma alteração clonal onde ocorre uma morte celular programada", explica o hemoterapeuta e oncologista clínico, Fernando Araújo.

O especialista explica que a quimioterapia é sistêmica, além de destruir as células ruins, também afeta as boas, então é preciso receber transfusões de hemácias e plaquetas de maneira frequente. Por conta disso, os pacientes em tratatamento ficam suscetíveis a ter infecções por bactéria e fungos pois as células que defendem o corpo ficam mínimas.

A perda de apetite, fadiga, indisposição por conta da anemia e febre provocada são algumas consequências do tratamento agressivo contra a doença, que acaba gerando baixa na imunidade baixa. O tratamento inclui internação por e 25 dia caso não haja intercorrencia, com descanço de cinco a 10 dias em casa para descansar para o próximo ciclo.

Amanda tem obtido sucesso nas quimioterapia. O tratamento já matou as células cancerígenas, que antes representava 80% da medula. Apesar da ausência de câncer não se fala ainda em cura. Os médicos só afirmam cura com 5 anos, sem recitiva da doença e no da Amanda, é imprescindível o transplante de medula óssea.

Transplante

O transplante de medula óssea, também conhecido como transplante de células tronco, envolve a coleta de células saudáveis, que têm a capacidade de se autorrenovar e se dividir, para reabastecer a medula óssea do paciente. Essas novas células assumem a produção das células sanguíneas. A retirada da medula do doador é realizada através de punções no osso da bacia

Esse tipo de transplante só é possível com um doador compatível e o grau de dificuldade de compatibilidade é grande. Na maioria dos casos é mais fácil encontrar em algum parente próximo, como um irmão de pai e mãe e ainda assim têm aproximadamente 25% de probabilidade de serem compatíveis.

"Há a alternativa do transplante haploidêntico com minha irmã mais nova, que é quando não encontra o doador 100% compatível e é feito com um familiar parcial (50% compatível), porém as complicações do pós transplante são maiores" explica Amanda sobre possibilidade da irmã ser a doadora, mesmo com o risco aumentado de complicações graves, especialmente infecções.

Campanha

Familiares de Amanda sempre fazem postagens nas redes sociais com apelo para doação de medula e sangue e, assim, aumentar as chances de encontrar um doador compatível. Ela diz que o desempenho nos compartilhamentos é até bom por parte de outras pessoas e tem alcançado bastante gente, mas são poucas as que se conscientizam a realmente doar.

Como ser um doador?

Para ser um doador de medula, é preciso incluir seus dados no REDOME, que é o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. Na Bahia, esse cadastro pode ser feito na Fundação Hemoba. São realizados testes laboratoriais, chamados exames de histocompatibilidade, para saber se os indivíduos têm semelhanças genéticas.

"O cadastro é feito com pessoas saudáveis, com triagem com alguns questionamentos e idade entre 18 e 55 anos. Qualquer pessoa saudável pode fazer o cadastro para ser doador" esclarece o hemoterapeuta e oncologista clínico, Fernando Araújo.

De acordo com informações do Hemoba, em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação. A retirada da medula é feita por meio de punções no osso da bacia e se recompõe em apenas 15 dias.

Imagem que é compartilhada nas redes sociais. Foto: Arquivo pessoas

Força para continuar

Há sete meses em tratamento e lidando com as mudanças repentinas em sua vida, Amanda conta como tem enfrentado essa nova fase. "Desde o diagnóstico que encaro o tratamento com muita confiança, claro que às vezes dá um pouco de medo em relação ao que o amanhã me reserva, cada ciclo tem suas dificuldades, a espera pelo doador 100%, tudo isso causa medo, mas busco vencer cada dia" conta ela esperançosa.

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