Um dos trabalhadores relatou que pensava em fazer greve antes mesmo de haver alguma paralisação definitiva, mas continuou por causa das famílias.
Os familiares de uma idosa que faleceu com câncer tiveram que abrir uma cova para enterrar o corpo, nesta terça-feira (2), no cemitério de Porto Seguro, sul da Bahia. O motivo é a falta de coveiros locais ocasionada por uma greve que já dura dois dias, parados devido ao atraso salarial por dois meses.
A família gravou o momento utilizando um celular.
Segundo os próprios parentes, a família chegou no local por volta das 13:30 e esperaram cerca de 10 minutos para realizar a despedida.
"O rapaz da funerária falou que realmente não tinha ninguém [para fazer o enterro] e que a família poderia fazer o serviço. Falou que nós precisávamos enterrar, porque precisavam [funcionários da funerária] sair para buscar outro corpo em outro lugar", explicou o professor Reginaldo dos Santos, que é parente da idosa.
Segundo o secretário de serviços público de Porto Seguro, Luciano Alves, os salários dos dois coveiros seriam pagos mas, a empresa responsável resolveu terminar o contrato com ambos.
"Infelizmente a empresa que ganhou a licitação não queria contratar os coveiros, não só do Vila Jardim, como de todo o município de Porto Seguro. Mas no dia de hoje nós estamos efetuando os pagamentos deles", disse.
Adson Almeida, um dos trabalhadores, relatou que a ideia de fazer a greve já estava sendo cogitada antes mesmo da paralisação neste mês de março e, por isso, não trabalharam por dois dias. Entretanto, ele e o colega trabalharam por um tempo, mesmo sem receber a remuneração, por causa da família das vítimas que precisam de seus serviços.
"A gente ia parar antes, mas pelo simples fato da família chegar com o corpo e não encontrar ninguém aqui, a gente trabalhou por amor dois meses de graça", comentou.