Saúde Solidariedade

Hemoba está de portas abertas para doadores LGBTQIA+

Em 12 de junho, após decisão do Superior Tribunal Federal, pergunta sobre relação sexual entre homens saiu do questionário prévio para doação. Fundação agora espera aumento de doadores .

Por Marcia Santana

06/07/2020 às 07:00:00 - Atualizado há
Foto: Amanda Oliveira/GOVBA
O biomédico Aurélio Santana não precisa mais esconder a sexualidade para poder doar sangue. Inconformado com a rotina dos bancos vazios, conforme alertam vários anúncios da na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba), ele sempre omitiu a informação sobre o relacionamento com outras pessoas do mesmo sexo, por conta da restrição que existia até o dia 12 de junho deste ano.

Na data foi publicada a portaria do Ministério da Saúde que determina retirada da pergunta sobre relação sexual de homem com outro homem nos últimos 12 meses do questionário aplicado aos candidatos. Doador há 17 anos, homossexual e profissional da área de saúde, ele diz ficar triste ao constatar que, com o passar dos anos, o déficit do estoque do Hemoba permanece grande.

'Acho uma pergunta desnecessária, qualquer pessoa está apta a adquirir uma Doença Sexualmente Transmissível. Qualquer órgão que recebe doadores de sangue possui equipamentos e profissionais aptos para realizarem todos os exames necessários e identificarem se o material está capacitado para transfusões", opinou.

Doar sempre deixou Aurélio com sensação de dever cumprido. "Saber que você pode ajudar a salvar vidas, ajudar pessoas que precisam de transfusões para tratamento de câncer é muito prazeroso. É gratificante contribuir para a saúde de alguém", argumentou.

Desconforto

Para o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, a pergunta retirada do questionário deixava voluntários desconfortáveis. "Os cuidados com o sangue doado devem ser os mesmos independente da orientação sexual da pessoa. Perguntar isso é a mesma coisa que procurar saber se o sangue é de um negro ou de um branco. O que importa é ter a garantia que o insumo foi devidamente testado", enfatizou o representante do GGB, enquanto garantia que o serviço oferecido pelo Hemoba é de boa qualidade.

Marcelo nunca precisou de transfusão durante a sua luta contra um câncer linfático, porém concorda com o voluntário. "Eu espero, sobretudo nesse momento de pandemia, que as bichas lotem o Hemoba, que sejam solidárias e mostrem que gay é sangue bom", brincou.

Bancos permanecem precisando de doadores
Os tipos de sangue O positivo e negativo, B positivo e A positivo estão em situação crítica, segundo divulgado pela Hemoba. Apenas os tipos A, B e AB negativos estão estáveis.

De acordo com o órgão, o número de doadores oscila em feriados prolongados e dias de chuva, mas a baixa está mais acentuada durante a pandemia no novo Coronavirus. Antes da Covid-19, o órgão recebia de 10 a 12 mil voluntários ao mês e obtinha de 8 a 10 mil bolsas de sangue. Hoje esse número caiu para sete mil bolsas coletadas.

A abertura das portas do Hemoba para o público LGBTQI+, ocorreu após decisão do Superior Tribunal Federal (STF), que tornou o questionamento inconstitucional e chegou em um dos momentos mais delicados da saúde pública: a pandemia da Covid-19.
O diretor geral do Hemoba, médico Fernando Luiz Vieira de Araújo, garantiu que a instituição está tomando todos os cuidados para oferecer segurança aos cidadãos. "A pessoa está no seu isolamento, se ela sair para doar vai ter todas as medidas de proteção. Se for sair, saia para fazer uma boa ação", pediu.

Cuidados tomados pelo Hemoba – O atendimento aos doadores está sendo realizada por hora marcada e pode ser agendado no site da instituição, a distância mínima de um metro entre os doadores é respeitada, foi ampliado o número de dispensadores de álcool e intensificada a higienização dos ambientes. Também é obrigatório o uso de máscara nos locais e de equipamentos de proteção individual pelos funcionários.

Critérios para doação - Se interessou e quer doar? Veja como é fácil. Basta pesar mais de 50 quilos, estar entre 16 e 69 anos, saudável, bem alimentado, ir em uma das 25 unidades do Hemoba levando documento oficial com foto e passar pela triagem clínica e hematológica, que avalia as condições de saúde do voluntário.

Lembre-se também que não poderá doar quem apresentar algum sintoma respiratório, febre, diarréia ou tenha tido contato com uma pessoa com Covid-19 a menos de 30 dias.
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