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Mesmo sem vacina, covid-19 deve retroceder nos próximos anos, diz estudo

Universidade de Princeton analisou 4 cenários diferentes e, embora 2020 seja o pior ano em todos eles, tudo depende de como o vírus será administrado.

Por G7 Bahia

22/09/2020 às 14:04:01 - Atualizado há
Foto: Divulgação/Reuters

Um estudo da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, tenta prever, com base em diferentes níveis de imunidade de rebanho e vacinação, como serão os próximos anos em quatro diferentes cenários da pandemia do novo coronavírus. Embora a pesquisa mostre que 2020 tem tudo para ser o pior ano em termos de infecção, os próximos cinco anos podem ser tão complicados quanto dependendo de como o vírus for administrado mesmo assim, as projeções são mais otimistas.

Segundo a universidade, tanto a imunidade induzida por uma vacina quanto a natural serão fatores essenciais para definir como a covid-19 será no futuro e que "uma vacina que induz uma resposta imune forte pode reduzir substancialmente a infecção nos próximos anos".

Sem uma vacina, no entanto, até 2025 teremos períodos de incerteza e altos picos de contaminação. "No curto prazo, e durante a fase de pandemia, as intervenções não-farmacêuticas, como usar máscaras e praticar o distanciamento social, serão essenciais para diminuir as infecções. No entanto, o papel da imunidade vai aumentar conforme olhamos para o futuro", afirmou Chadi Saad-Roy, coautor do estudo, em comunicado publicado no site oficial de Princeton.

Basicamente, o que acontece é que, sem uma vacina, a população mundial está totalmente dependente de iniciativas como as citadas acima. Depois da aprovação de uma vacina, no entanto, os papéis serão invertidos e ela se tornará mais importante do que usar máscaras e praticar o distanciamento social. Mas essa não é, ainda, a situação que vivemos.

"No curto prazo, e durante a fase de pandemia, as intervenções não-farmacêuticas como usar máscaras e praticar o distanciamento social serão essenciais para diminuir as infecções", afirma Chadi Saad-Roy, coautor do estudo.

Ainda não se sabe exatamente quanto tempo dura a imunidade natural do novo coronavírus, e os cientistas levaram isso em conta na hora de estabelecer seus modelos. Os estudos publicados até o momento sobre o assunto divergem — exatamente pelo vírus ainda ser "novo".

Uma pesquisa sobre a resposta do sistema imune em relação à covid-19 aponta que, mesmo sem a produção de anticorpos contra o vírus, um indivíduo pode produzir células capazes de destruir a doença em casos de reinfecção — os chamados linfócitos T, células reativas que ajudam o organismo na defesa de infecções.

O estudo encontrou linfócitos T "robustos" em casos de pessoas que tiveram quadros leves, graves ou assintomáticos da covid-19. Segundo os pesquisadores suecos, a memória das células do corpo humano são prováveis de "desenvolver uma proteção imune duradoura ao vírus", mesmo quando as pessoas não produzem anticorpos contra a doença. Para chegar a essa conclusão, foram analisados os casos e amostras sanguíneas de 206 moradores da Suécia.

Outra pesquisa, feita com base em um vírus semelhante por pesquisadores de Singapura, informa que a proteção contra o vírus podem ser "lembrada" por anos pelo organismo humano. As células T, por exemplo, ainda estão ativas contra o vírus Sars (também da família coronavírus) 17 anos depois da infecção.

É exatamente por isso que, para os autores do estudo de Princeton, é preciso monitorar os níveis de imunidade populacional para o SARS-CoV-2, bem como as infecções ativas, uma vez que isso pode ajudar a entender melhor como será a incidência da doença nos próximos anos.

Entenda os quatro cenários observados

Cenário A: no primeiro cenário analisado pela universidade, sem uma imunidade duradoura e sem vacina, teremos picos de casos em todos os anos ao longo dos próximos cinco anos. Também é observado que quem não foi infectado será, apesar de a imunidade natural aumentar até 2025, mas, a partir de 2022, as infecções secundárias serão mais comuns — e ainda mais graves.

Cenário B: o segundo cenário, com uma imunidade mais duradoura, redução da gravidade de infecções secundárias e sem vacina, o pico da doença acontecerá somente em 2020, mas a curva achatará em breve. Tanto os níveis de imunidade parcial quanto os de imunidade natural serão mais altos e novas infecções tendem a desaparecer a partir de 2023.

Segundo os autores do estudo, é preciso monitorar os níveis de imunidade populacional para o SARS-CoV-2, bem como as infecções ativas.

Cenário C: o terceiro cenário, com imunidade natural de curto prazo, gravidade aumentada da doença por infecções secundárias, mas com uma vacina capaz de induzir uma imunidade temporária, mostra que os casos tendem a cair nos próximos anos, com diminuição expressiva em 2025. A imunidade por vacinação aparece menos neste cenário, mas a parcial e a natural seguem em níveis altos e as infecções secundárias devem atingir um nível alto daqui a 3 ou 3,5 anos.

Cenário D: o quarto cenário é o melhor dos mundos. Com uma imunidade natural duradoura, redução da gravidade de infecções secundárias e com uma vacina capaz de induzir uma resposta imune de longo prazo, a curva de infectados não volta a subir nos próximos cinco anos e a gravidade do novo coronavírus fica em 2020 e as três imunidades (natural, parcial e por meio de vacina) atingem seus níveis mais altos em 2025.


Quão eficaz uma vacina precisa ser?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal científico American Journal of Preventive Medicine uma vacina precisa ter 80% de eficácia para colocar um ponto final à pandemia. Para evitar que outras aconteçam, a prevenção precisa ser 70% eficaz.

Uma vacina com uma taxa de eficácia menor, de 60% a 80% pode, inclusive, reduzir a necessidade por outras medidas para evitar a transmissão do vírus, como o distanciamento social. Mas não é tão simples assim.


Fonte: Exame
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