Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Racismo

Após críticas de internautas, Bombril retira produto do site

Marca relançou esponja de aço nomeada 'Krespinha', para limpeza pesada, produzida pela empresa.


Divulgação

A #Bombrilracista movimentou as redes sociais, na manhã desta quarta-feira (17). Após o relançamento da esponja de aço 'Krespinha', para limpeza pesada, produzida pela empresa, internautas e especialistas apontam o racismo estrutural presente na campanha. No site oficial da Bombril, a esponja não é exibida.


Nas redes oficiais e na página da empresa, no espaço o produto não está disponível, mas os internautas resgataram a embalagem original, lançada em 1952, onde uma criança negra segura a esponja. Agora a 'Krespinha' vem em um embrulho azul com as seguintes inscrições: 'Esponja Inox Krespinha, limpeza pesada'.


A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), professora Jamile Borges da Silva, acredita que a campanha retrata o racismo estrutural e sistêmico presente na sociedade. "No caso do Bombril, revela uma face cruel da sociedade que é a ausência da representatividade. Nós não temos negros e negras nos espaços de poder, nos circuitos midiáticos e publicitários, embora tenhamos publicitários, roteiristas e escritores negros. A prova disso é que ainda temos empresas e agências que insistem em fazer esse tipo de associação entre o que é da ordem da limpeza, do subemprego à população negra", alertou.

A professora Jamile Borges da Silva acredita que a campanha retrata o racismo estrutural e sistêmico presente na sociedade

A digital influencer e jornalista, Mariana Andrade, passou recentemente pela transição capilar, um processo de recuperação do cabelo original após anos de alisamentos contínuos. Em suas páginas, ela ajuda mais mulheres pretas a resgatarem a forma dos cabelos crespos e cacheados. "Já têm muitas décadas que isso vem sendo, debatido, resiguinificado e mesmo assim temos pessoas, equipes, empresas que reforçam o racismo em suas falas, em publicidades. Isso torna muito cansativa a nossa luta, deslegitima tudo que construímos até aqui. Isso já foi muito usado para ofender quem tem o cabelo crespo, quem é negro. Cabelo de Bombril? Quantas pessoas já não passaram por este preconceito nas escolas, na própria família, por já nascer e conviver em uma estrutura racista", argumentou.

Jornalista passou por transição capilar e ajuda outras jovens negras no processo de aceitação e valorização do cabelo crespo

A atriz Zezé Motta também se manifestou. "O mundo vem se tocando e passa por um processo de conscientização com as nossas crianças para compreender a beleza da nossa raça, nisso vem a empresa @bombriloficial transparecer o racismo estrutural existente. Respeito, por favor! Sera que a equipe de publicidade e marketing em desenvolvimento de produtos desta marca ainda na?o conseguiu se ajustar?", publicou.

Atriz Zeze Motta também usou as redes sociais para se manifestar contra o produto e a empresa.

Jamile lembra que campanhas como está tem um forte impacto na construção da autoestima das mulheres. "Revela como ainda sofremos os efeitos da padronização", reforçou. Para a professora, a comercialização da marca retrata o longo caminho a ser percorrido no combate ao racismo no Brasil.


A Bombril foi procurada pela reportagem do G7 Bahia, mas ainda não se manifestou.

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!